Os santos, que já alcançaram a plenitude da vida no Céu, vivem no cumprimento perfeito da lei eterna do amor: amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmos. O amor é eterno, pois Deus é amor (1 João 4, 8), e quem permanece em Deus, permanece no amor. O amor, infinito na alma dos santos, é a virtude de querer o bem do próximo. Os que são purificados no Céu não apenas estão com Deus, mas participam dos bens que Ele lhes reservou, como a felicidade e o amor. Eles amam porque estão com Deus, e estão com Deus porque amam.
No Céu, não se pode amar a Deus sem amar o próximo que ainda luta na Terra.
O papel dos que já estão no Paraíso é justamente ajudar aqueles que aqui se encontram, intercedendo por eles com súplicas e orações, como membros ativos do Corpo de Cristo.
A Escritura nos confirma essa união e colaboração. Os santos fortalecem as nossas fraquezas, conforme a exortação: "Fortalecei as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes" (Hebreus 12, 12). E no livro do Apocalipse, um anjo oferece as orações de todos os santos a Deus: "Adiantou-se outro anjo e se pôs junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar que está diante do trono" (Apocalipse 8, 3).Os filhos de Deus estão unidos, seja na vida ou na morte, pois "formamos um só corpo em Cristo" (Romanos 12, 5) e "todo o corpo unido por conexões que estão ao seu dispor" (Efésios 4, 16). Por isso, "vivos ou mortos, nos esforcemos para agradar-lhe" (2 Coríntios 5, 8-9).
A intercessão é a forma pela qual os eleitos no Céu expressam seu amor a Deus e à humanidade. Eles se compadecem da miséria dos que ainda não alcançaram a paz e a vida eterna.
Os que morrem na fé, vivem na fé eternamente, e viver na fé é viver no Amor Divino. "O justo viverá pela fé" (Romanos 1, 17).
O exemplo de Abel, mesmo após sua morte, é uma prova poderosa da vida que continua na fé. "Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as suas ofertas; graças a ela é que, apesar de sua morte, ele ainda fala" (Hebreus 11, 4).
A voz do sangue de Abel clamava a Deus desde a Terra, e Ele a atendeu (Gênesis 4, 10-15). Se os santos do Céu não pudessem interceder, seriam incapazes de expressar o amor. Estariam numa situação pior do que a nossa, pois, embora vivos, não poderiam cumprir a lei fundamental do amor. E, se fossem imperfeitos e incompletos, não poderiam estar no Paraíso.