É apropriado que Deus habite nos santos, tanto no Céu quanto na Terra. E é igualmente apropriado que o Deus que vive neles seja honrado por meio deles. Deus é digno de toda honra como Pai da Criação, conforme a Escritura: “Ao Deus único, invisível e imortal, honra e glória pelos séculos dos séculos!” (1 Timóteo 1, 17). Apesar disso, Ele mesmo ordenou nos Dez Mandamentos que os filhos honrassem seus pais, pois ao honrar os pais da Terra, estariam honrando o Pai do Céu: “Honra teu pai e tua mãe, para que Deus prolongue os teus dias sobre a terra” (Êxodo 20, 12).
Cristo vive nos santos, e o viver é agir.
Por isso, os santos só agem e intercedem por meio de Cristo. Não que Ele precise deles, mas Deus quis que fosse assim, pois a intercessão é um compartilhamento do Amor por aqueles que dele precisam. Esse amor se manifesta na fraternidade, no bem-querer e no bem-fazer ao próximo.
A honra dos santos pertence a Deus, que neles habita eternamente.
Aquele que retira a honra de Deus para dá-la exclusivamente aos santos comete um erro de doutrina. Da mesma forma, erra quem pensa que Deus não pode ser honrado na vida e na história de seus escolhidos.
A Bíblia nos ensina que a honra é devida: “Deem a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra” (Romanos 13, 7). E São Paulo reforça: “Honra e paz a todo aquele que faz o bem” (Romanos 2, 10).
A honra de Deus é a de Senhor, enquanto a honra dos intercessores é a de servos fiéis, e esta honra, dada ao seus servos, ninguém pode se apropriar da honra que cabe somente a quem é chamado por Deus, como Aarão (Hebreus 5, 4). Portanto, a fé que a Igreja guarda nos ensina a fazer a distinção entre a Causa e o instrumento, o Mediador e os intercessores, a Cabeça e os membros do Corpo, a Divindade e a humanidade.
Se o Corpo de Cristo deve ser honrado, maior honra e glória cabem à Cabeça do que aos membros. No entanto, desonrar os membros é desonrar o Corpo que é uno e inseparável.