R: Não podemos negar aos nossos semelhantes o amor, as dádivas e as virtudes com as quais Deus nos agracia. Essa retribuição começa no núcleo familiar:
"APRENDAM A RETRIBUIR AOS PAIS O QUE DELES RECEBERAM, PORQUE ISTO É AGRADÁVEL A DEUS." (1 Timóteo 5, 4)
No fim, seremos julgados pelo amor que partilhamos ou negamos (CATECISMO R 32 § 1.022). Esse amor se manifesta nos inúmeros bens que Ele nos concede: vida, alimento, compaixão, paciência, tolerância e perdão, entre outros.
Ao não partilharmos aquilo que gratuitamente recebemos, caímos no pecado do egoísmo, desejando nos afortunar apenas para nosso uso, conforto e benefício, o que nos torna indignos desses bens. Reconhecer-se grato é um gesto de honra e um dever. Ninguém se pode escusar de retribuir a Deus alegando que Ele nada precisa. A retribuição que Ele espera é direcionada ao próximo. O salmista questiona e responde:
"NO QUE RETRIBUIREI AO SENHOR POR TUDO QUE ELE ME TEM DADO? CUMPRIREI MEUS VOTOS PARA COM O SENHOR NA PRESENÇA DELE E DIANTE DE TODO POVO." (Salmo 115, 11-12)
Ele pede que retribuamos o que Lhe devemos, não diretamente, mas aos pequeninos, indefesos e necessitados, para que, na gratidão dos humildes, nossa existência encontre um sentido nobre e participe da justiça e bondade Divinas.
A bênção do rico reside na partilha; a do pobre, na gratidão. O rico ingrato e avarento nega ao necessitado não apenas os bens necessários para viver com dignidade, mas, principalmente, o testemunho do amor Divino que habita o mundo. Não fechar os olhos ou desamparar os que têm fome e sede de amor e justiça é a melhor maneira de retribuir a Deus e se afastar da reprovação profética:
"PORQUE CONHEÇO VOSSOS CRIMES E A GRAVIDADE DOS VOSSOS PECADOS, OPRESSORES DOS JUSTOS, COLETORES DE DÁDIVAS, E VIOLADORES DOS DIREITOS DOS POBRES EM JUÍZO." (Amós 5, 12)
A gratidão é dever para quem ama; e o esquecimento conveniente daqueles que precisam de nós caracteriza aquele que vive no desamor, soberba e orgulho.
O não-perdão e a recusa em partilhar o que recebemos demonstram que não compreendemos a gratuidade da Misericórdia de Deus, como ilustra a Parábola:
"O REINO DOS CÉUS É COMPARADO A UM REI QUE QUIS AJUSTAR CONTAS COM SEUS SERVOS..."
(... [A Parábola do Credor Incompassivo - S. Mateus 18. 21-35] ...)
"E O SENHOR, ENCOLERIZADO, ENTREGOU-O AOS ALGOZES, ATÉ QUE PAGASSE TODA A SUA DÍVIDA. ASSIM VOS TRATARÁ MEU PAI CELESTE, SE CADA UM DE VÓS NÃO PERDOAR A SEU IRMÃO, DE TODO O SEU CORAÇÃO.”
A dívida de gratidão que devemos a Deus, pagamos ao próximo.