A missão dos santos não se limita a atos grandiosos, pois a salvação pertence somente a Jesus Cristo. A verdadeira vocação deles é se compadecer do sofrimento alheio, suplicando a Deus a proteção necessária para aqueles que sofrem. Movidos pelo amor a Deus e ao próximo, os intercessores, preocupados com o Bem Comum, unem suas vozes às dos fiéis, reforçando suas preces para que a fraternidade e a solidariedade sejam testemunhadas ao mundo.
Os que já desfrutam da companhia de Deus, seja na Terra ou no Céu, não poderiam permanecer indiferentes aos que ainda sofrem. Afinal, em Cristo, céu e terra estão unidos pela Igreja, que é o seu Corpo.
Como nos ensina a Escritura: “Já não sois hóspedes, nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Efésios 2, 19). Isso reflete a verdade de que “Se um membro do corpo sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é tratado com carinho, todos os outros se alegram por ele” (1 Coríntios 12, 26).
O amor a Deus e ao próximo, experimentado em sua perfeição, impulsiona a Igreja Celeste a desejar o bem e a felicidade a todos. Em Cristo, tudo neles — orações, pensamentos e vontades — reflete essa perfeição. No Céu e na Terra, não há lugar para membros atrofiados no Corpo de Cristo. Se nossos pedidos são legítimos e nos levam a progredir na fé e no amor, nunca oramos sozinhos. Os santos no Céu tomam nossas preces e as apresentam a Cristo como se fossem deles.Nessa solidariedade universal, ninguém está só, pois estamos ligados a Cristo, que é um só Corpo com incontáveis membros, ativos na Terra, mas principalmente no Céu. A promessa de Jesus ecoa essa união: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles” (S. Mateus 18, 20).
Orar com os santos, portanto, é unir nossas preces às de todo o Corpo Místico e, assim, garantir sua eficácia. Os santos se alegram em interceder por nós:
“Eles amam em nós irmãos nascidos do mesmo Pai; têm compaixão de nós; lembrando-se, à vista do nosso estado, daquele em que eles mesmos se encontraram, reconhecem em nós almas que devem, como eles, contribuir para a glória de Jesus Cristo. Que alegria não experimentam eles, quando podem encontrar associados que os ajudem a tributar as suas homenagens a Deus e a satisfazer o seu desejo de magnificar a Deus por centenas e centenas de milhar de bocas se as tivessem!” (TANQUEREY, Adolphe. Compêndio de Teologia Mística e Ascética. Livro II, par. 179 - 2º, p. 93).