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 A pergunta que ecoa: Após a consagração no Altar, o pão e o vinho permanecem em sua substância original? 

A doutrina Católica afirma categoricamente a Transubstanciação, ou seja, a conversão de toda a substância1 do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do Seu Sangue, embora mantenham ainda a forma2 e aparência de pão e vinho.

A tese de que, após a consagração, ainda coexistem pão e vinho junto com a Carne e o Sangue de Cristo é, teologicamente, insustentável. 

Para aceitá-la, teríamos que afirmar uma comunhão com “comida” – pão e vinho – e não apenas com o Corpo e Sangue do Deus que vive em carne. 

Contudo, a união perfeita, tal como a fé católica a compreende na Eucaristia, é aquela que une sem que nada falte ou exceda, sem mescla ou confusão. 

No altar, não comungamos com o alimento material que sacia a fome física, pois "(…) o Reino de Deus não é de comida, nem de bebida," (Romanos 14,17).

A substância do pão e do vinho, após a consagração eucarística, é desnecessária, pois nossa necessidade vital e espiritual reside apenas na Carne e no Sangue de Cristo, essenciais para a ressurreição e a vida eterna. 

Como o próprio Senhor afirma: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6,54).

Ademais, a união entre Cristo e o ser humano na Eucaristia é de uma profunda afinidade. 

O ser humano é corpo, alma e a imagem de Deus que nele existe. Cristo, por Sua natureza Divina inseparável de Sua humanidade, é também Corpo, Alma e Divindade. 

Nessa perfeição e afinidade, ocorre uma união indissolúvel e mística. 

Cristo se une ao ser humano, e este a Cristo, e nenhum deles está unido à comida que serve apenas para saciar apetites temporais. 

Paulo mesmo questionou com preocupação a Igreja primitiva alimento transitório confundindo o sacramento eucarístico com simples alimento: 

Não tendes em casa o que comer e beber em casa?” (1 Coríntios 11,22) 

Se pão e vinho permanecessem em sua substância, haveria acréscimos ilícitos que contaminariam e perverteriam a união perfeita da humanidade salvadora de Cristo com a humanidade a ser salva.

Seria como profanar o sagrado, conforme a repreensão do profeta: 

A mesa do Senhor está manchada; o que nela se oferece é alimento comum.” (Malaquias 1,12-13).

A linguagem de Cristo na Última Ceia é inequívoca e substancial. Tomando o pão e bendizendo-o, Ele falou: 

"Isto é o meu Corpo." Levantando o cálice de vinho, disse: "Isto é o meu Sangue." Ele não proferiu: "Esse pão simboliza o meu Corpo, e esse vinho representa o meu Sangue"; tampouco disse: "Minha carne unida ao pão, e meu sangue unido ao vinho." 

Ele fala exatamente o que é, exigindo de Seus seguidores uma fé que vá além da mera representação: 

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue…." (João 6,54).

Essa verdade é ecoada até mesmo nas profecias antigas, que prenunciavam um sacrifício de carne e sangue: 

“Ajuntai-vos em toda parte para o meu sacrifício, que eu ofereci por vós, um sacrifício grande nos montes de Israel. Comei carne e bebei sangue.” (Ezequiel 39,17-18).

Assim, a fé católica na Transubstanciação afirma que, na Eucaristia, sob as aparências de pão e vinho, está verdadeiramente presente, vivo e inteiro, o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, com Sua Alma e Divindade. 

É a presença real, não simbólica ou meramente anexa, que nos une perfeitamente a Ele, para a vida eterna e para a nossa ressurreição. 


Notas Explicativa: 


1  SUBSTÂNCIA é a essência de um ente,  ou seja, tudo aquilo que faz ser o que é. A substância humana é carne, o sangue, o espírito, etc. Transubstanciar é um fenômeno Divino,  posto que só Deus pode alterar a FORMA de algo, sem lhe mudar a substância.

2  FORMA é a característica exterior de uma substância, e através da qual distinguimos e a diferenciamos das demais substâncias. Transformar é alterar a forma e não a substância, sendo possível, cientificamente, tal feito. Podemos pegar uma árvore e transforma-la numa mesa, sem alterar a sua substância que é a madeira. Contudo, só Deus pode alterar a substância sem mudar a forma.


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