Cristo, o Cordeiro sacrificado, apresenta-se a nós como se manifestou a São Tomé, ainda com os sinais de sua morte, e assim, Ele se revela a todos nós, continuamente:
"Vi no meio do trono um Cordeiro de pé, como que sacrificado." (Apocalipse 5,6)
As palavras de Jesus a São Tomé ressoam com a realidade de Sua presença gloriosa, mas marcada pelo sacrifício:
"Introduz aqui teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé." (S. João 20,27).
A Eucaristia é, portanto, o memorial do Corpo vivo e presente na realidade atual.
O conceito de "memória" possui nuances que são vitais para a nossa fé.
De modo geral, memória é a capacidade de conservar mentalmente informações sobre pessoas, fatos ou circunstâncias, sendo um testemunho do que aconteceu ou está acontecendo.
No grego bíblico, encontramos uma distinção fundamental:
Assim como as sementes lançadas à terra no passado se tornam árvores que, no presente, produzem frutos e novas sementes ligadas à primeira, assim é o Corpo e Sangue de Cristo presentes no pão e vinho sagrados.
A Eucaristia não é um teatro do passado, mas a participação em um evento que, embora histórico, transcende o tempo e se faz presente e atuante para a nossa salvação.
Exemplo prático de 'anamnesi's na vida cristã é a recordação dos pecados na liturgia penitencial:
"Nesses sacrifícios; faz-se recordação (αναμνησις) de pecados todos os anos." (Hebreus 10,3).
A recordação desses pecados não é a lembrança de algo inexistente, mas a ativação da sua realidade passada que ainda produz efeito no presente que é nossa condenação diante de Deus, e para nos livrarmos desse juízo condenatório, levamos esses pecados ao Altar e, pela graça de Deus, os destruímos no presente, para sermos perdoados.
Na Eucaristia, a Igreja também celebra a 'anamnesis:' não apenas se lembra de Cristo, mas o torna presente, em sua morte e ressurreição, para que possamos nos unir a Ele e participar plenamente de sua obra salvadora.