Muitos defendem a crença de que a fé exige de Deus uma recompensa na forma de grande riqueza material e prosperidade terrena. Tais adeptos citam como prova os antigos reis e patriarcas de Israel (Gênesis 13, 2; I Reis 3, 13) e alegam que a riqueza cristã é um sinal de fé inabalável, enquanto a pobreza material seria meramente o reflexo de uma pobreza espiritual. Chegam a sustentar que a pobreza é uma maldição divina, citando o castigo de Adão e Eva (Gênesis 3, 19). Essa visão é a base da chamada Teologia da Prosperidade, que prega a busca incessante por bênçãos financeiras.
Essa perspectiva materialista, no entanto, contradiz o ensinamento central de Jesus Cristo. Embora sendo "rico, se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza" (2 Coríntios 8, 9), Ele advertiu o jovem rico a doar seus bens e segui-Lo. Diante da recusa, ensinou-nos que:
A pobreza de Cristo, ao vir ao mundo, e Seu convite ao desapego a cobiça e aos bens materiais demonstram que a verdadeira riqueza não se mede em ganhos financeiros.
A resposta à busca por riquezas materiais na fé reside na natureza do verdadeiro Amor cristão: o Amor de Cristo, que é desinteressado e não busca ganho financeiro. A Bíblia nos ensina que "pobreza e riqueza vêm de Deus" (Eclesiástico 11, 14). Todavia, a finalidade da riqueza é:
Portanto, ter fé não é estabelecer uma relação financeira com Deus. Quem usa Deus para atingir a riqueza faz do dinheiro um ídolo, transformando Deus em um meio supersticioso para alcancá-la. Jesus não morreu para nos dar bens perecíveis, mas sim a vida eterna, e quem a tem, não necessita de mais nada (1 São Pedro 1, 18).
As riquezas materiais de reis e patriarcas, mencionadas no Antigo Testamento, não são um fim em si mesmas, mas "meros símbolos das realidades celestiais" (Hebreus 9, 23). Deus usa as coisas menores para nos ensinar as maiores. A riqueza terrena é apenas uma imagem imperfeita da glória do Céu, como fim puramente pedagógico aqueles que tem fé. Como ensinou um sábio e riquíssimo rei, a riqueza material, por si só, é "fugacidade e vento que passa" (Eclesiastes 2, 9-25).A riqueza só nos une a Deus se despertar a caridade e o amor ao próximo, mas nos condena se despertar a ganância e a injustiça. A riqueza em si não é boa nem má, mas seu propósito a define: é maligna se for buscada e usada egoisticamente, e benéfica se for partilhada.
A verdadeira riqueza "está muito além dos bens materiais que nossos olhos possam ver" (Provérbios 13, 7). A parábola do mendigo Lázaro e do rico mostra que, aos olhos de Deus, o pobre Lázaro era riquíssimo na vida após a morte, enquanto o rico era "paupérrimo" em seu destino eterno (São Mateus 16, 20-31).A riqueza que realmente importa, e que o Apóstolo Pedro levava às pessoas, era o próprio Cristo: "Não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados... mas pelo precioso sangue de Cristo" (1 São Pedro 1, 17-18).Assim, o mais pobre não é o desprovido de bens, mas o que perde o Bem mais valioso: a vida eterna. Adão e Eva, ao perderem a felicidade no Paraíso e a glória de verem Deus, perderam mais do que toda a riqueza do mundo. Os que buscam Deus pela riqueza financeira são, na verdade, idólatras do dinheiro, rufiões, cafetões e agenciadores do Corpo de Cristo que é a Igreja, caindo em pecado grave e moral, pois substituem Cristo pelo dinheiro, caindo na cobiça que a forma mais repugnante da idolatria (Colossenses 3, 5).