O que significa a afirmação de que "Deus é Amor"? Se Deus é Amor, o Amor também é Deus? Essa questão, que divide o pensamento humano, é respondida pela teologia católica de forma definitiva e afirmativa: Sim, Deus é Amor, e o Amor é Deus, só há em Deus e só podemos buscá-lo em Deus. Em Deus, o Amor não é apenas um atributo, algo que lhe é acrescentando, mas sim a Sua própria essência. A diferença do Amor em Deus e o amor no ser humano é que em Deus, o Amor é a sua própria substância. Nós somos seres finitos, imperfeitos e em constante mudança. Por isso, as virtudes são qualidades que adquirimos e desenvolvemos. O amor, a bondade ou a misericórdia não fazem parte de nossa essência; é algo que nos é acrescentado. Em Deus, a realidade é oposta. Ele é o puro ato, o Ser Perfeito, sem composição ou deficiência1. Nele, não há distinção entre o que Ele É e o que Ele possui, e tudo que Ele possui é eterno:
Portanto, quando afirmamos que Deus é Amor, estamos dizendo que o próprio Ser de Deus é o Amor.
Dessa forma, a recíproca é verdadeira: o Amor é Deus.
Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, "O próprio Ser de Deus é Amor" (1 Jo 4,8.16).
Se o Amor existe, e Ele de fato, existe, só pode ter uma fonte: Deus.
O amor, quando presente nas criaturas, não é uma essência, mas uma participação no Amor de Deus. Por sermos feitos à Sua imagem, temos o potencial para amar, mas esse amor é imperfeito e pode se perder. Ele não está em nossa essência, mas é uma virtude que recebemos quando Ele habita em nós. É por isso que muitos, embora não O conheçam intelectualmente, amam de forma genuína e estão, sem saber, em comunhão com Ele. O Santo apóstolo João nos lembra: "(…) se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós" (1 Jo 4, 12).
Por outro lado, há aqueles que dizem conhecer a Deus, mas não vivem o amor. Esses se enganam, pois o desamor é a negação de Deus.
A fé não é apenas uma ideia na mente; ela deve ser manifestada em ações.
Santo Tomás de Aquino esclarece que o verdadeiro Amor aperfeiçoa e melhora a pessoa que ama.2O amor “inconveniente” ou egoísta (como o amor ao dinheiro ou às vaidades) nos lesa e nos afasta de Deus, tornando-nos piores.
Em resumo, o amor em Deus é infinito, eterno e imutável, pois é a Sua própria essência. Em nós, é um reflexo finito e imperfeito desse Amor, uma dádiva que se manifesta na bondade, na solidariedade e na caridade.
1 Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, Q 3 – Da Simplicidade de Deus, Livro Ia.
2 Suma Teológica, Q 26 art. 5 Livro Ia e IIA.