Muitos questionam a existência de um único Deus.
Argumentam que, se o universo é plural (vários sóis, planetas, galáxias e seres), a divindade também poderia ser.
Além disso, a história nos mostra que o politeísmo (crença em vários deuses) é mais antigo que o monoteísmo (crença em um único Deus).
Argumenta-se ainda que, se cada deus governasse uma área específica, como Netuno os mares ou Ares a guerra, sua coexistência harmônica seria possível.
Por fim, o próprio cristianismo parece, à primeira vista, ser uma religião com mais de um Deus, já que o Credo Niceno professa o Pai, o Filho e o Espírito Santo como Divindade.
Conforme a Sagrada Tradição Apostólica, Deus só pode ser único porque seus atributos essenciais são a onipotência, a onisciência e a onipresença.
Ser onipotente significa poder fazer tudo sem impedimento; ser onisciente implica saber plenamente de tudo sem limitações; e ser onipresente é estar em todo lugar sem restrições.
Podemos assim resumir o Ser Deus.
"Tudo posso; tudo sei e sobre tudo domino.'
Se houvesse mais de um deus, eles inevitavelmente se limitariam mutuamente. Um não poderia ser onipotente se o outro pudesse impedi-lo; nenhum seria onisciente se o outro pudesse esconder pensamentos; e nenhum seria onipresente se um ocupasse um espaço onde o outro não pudesse estar. Esse conflito anularia os atributos divinos em todos eles. Logo, a plenitude do poder, do saber e da presença só pode existir em um único Ser Divino.
Neste sentido se ensinou:
“E ademais, como se poderá conservar o pleno poder se forem muitos? Com efeito, onde houver um, o outro não poderá existir. Como poderá o mundo ser governado por muitos, e, sobretudo, como escaparia ele da destruição, por pequena que fosse a desavença entre seus governantes?” (São João Damasceno, Demonstração da Fé Ortodoxa, Cap. 5. 1-5 Vol. I)
Contudo, o pluralismo é uma característica dos seres finitos e limitados, não do Ser Infinito e Ilimitado.
A crença mais antiga nem sempre é a mais verdadeira, mas sim a verdade revelada no tempo certo1.
A Revelação Divina alcançou seu ápice em Cristo, que veio depois dos profetas e patriarcas. Portanto, a verdade de Deus não depende da sua antiguidade histórica, mas da sua própria essência.
A Verdade da Santíssima Trindade.
A Santíssima Trindade não contradiz a unicidade de Deus.
A fé católica professa a existência de um único Deus em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As Três Pessoas não são três deuses, mas um só Ser Divino.
O Pai gera o Filho; e do Pai e do Filho procede o Espírito Santo.
A distinção de Pessoas não implica divisão da essência divina porque Eles compartilham a mesma vontade, mesma ação, mesmo pensamento e propósitos.
A unidade é tão perfeita que, como disse São João Damasceno, "o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três deuses, mas antes um Deus único, a Santíssima Trindade, sendo que o Filho e o Espírito Santo se reportam à causa unida sem que estejam misturados ou confundidos". Eles não estão separados, mas habitam um no outro, em perfeita comunhão e amor.
1 “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.” (Eclesiastes 3. 1 e 11)