R: Sim. A continuidade é a essência da perseverança, sendo esta uma qualidade concedida por Deus que nos permite, continuamente, moderar desejos e impulsos que, embora atraentes, são destrutivos e nos afastam da salvação. É a persistência e a firmeza paciente na fé que não permite recuar do caminho rumo ao encontro do Bem supremo, apesar do sofrimento, dúvidas ou dificuldades. Essa necessidade de permanência é um imperativo de Cristo:
“PERMANECEI EM MIM E EU PERMANECEREI EM VÓS." (São João 15, 4)
“SEDE FIEL ATÉ A MORTE E TE DAREI A COROA DA VIDA." (Apocalipse 3, 10)
A perseverança reside na constância das coisas justas e boas, conforme a fé deixada por Cristo. Ela é dita perfeita quando não nos permite retroceder ou desviar, mantendo-nos no caminho espiritual seguro até o fim da jornada. Segundo Santo Tomás de Aquino:
"É MAIS DIFÍCIL PERSISTIR NO BEM QUE NO MAL. MAS OS MALES NOS FAZEM CORRER PERIGO DE MORTE FREQUENTE. SE CONSERVARMOS A PERSEVERANÇA COMO A VIRTUDE QUE NOS FAZ PERSISTIR DIUTURNAMENTE NUM BEM DIFÍCIL, TEREMOS ENTÃO A VIRTUDE PERFEITA." (AQUINO. Suma Teológica. Q 153, art. 1° Livro 2a 2ae)
É o hábito de continuamente agir bem e pelo bem. Diferente da fraternidade (como dar comida ao faminto), que se finda no próprio ato, a perseverança se caracteriza pela permanência em estado de harmonia com Deus. A perseverança, se não for sustentada, não será mantida, e assim, não nos conduzirá até o fim na fé.
Nenhuma qualidade espiritual será completa se não for útil em conduzir à salvação. Por essa razão, a perseverança precisa ser nutrida e zelada. O Apóstolo Paulo alertou sobre o risco de perder este dom inestimável:
"PAULO ALERTOU TIMÓTEO: COMBATA UM BOM COMBATE, COM FÉ E BOA CONSCIÊNCIA, POIS ALGUNS, REJEITANDO A BOA CONSCIÊNCIA, NAUFRAGARAM NA FÉ." (1 Tm 1, 18-19)
Para perseverar até o fim, o Catecismo ensina que devemos alimentá-la através de meios concretos: