O livre arbítrio é a capacidade da vontade, aconselhada e dirigida pela razão, de escolher sem coação entre duas ou mais realidades opostas. A razão pode discernir entre opções distintas, e a vontade pode desejar uma e rejeitar outras. A própria Escritura Sagrada coloca o ser humano diante da responsabilidade de escolher:
"PONHO DIANTE DE TI A VIDA E A MORTE, A BENÇÃO E A MALDIÇÃO. ESCOLHE, POIS, A VIDA, PARA QUE VIVAS COM A TUA POSTERIDADE." (Deuteronômio 30, 19)
O ser humano possui livre arbítrio por ter autonomia de vontade e utilizar a razão em suas decisões. Essa liberdade se manifesta na escolha entre realidades opostas, como: aderir ou afastar; buscar ou não buscar; odiar ou perdoar. A rejeição ao Bem é, ela mesma, uma prova de nossa liberdade de escolha:
"ISRAEL REJEITOU O BEM, E O INIMIGO O PERSEGUE." (Oséias 8, 3)
A existência da liberdade de escolha é o fundamento da Justiça Divina. Se o ser humano não fosse livre para escolher e agir voluntariamente, não poderia ser responsabilizado por seus atos. Sem liberdade, seria injusto premiar o Bem ou punir o Mal. Santo Agostinho explica que o dom da liberdade é uma condição para a justiça e a recompensa:
"DEUS REVELOU PELAS ESCRITURAS QUE O HOMEM POSSUI O DOM DA LIBERDADE. OS PRECEITOS DIVINOS NÃO O FAVORECERIAM SE ELE NÃO TIVESSE VONTADE LIVRE PARA CUMPRÍ-LOS, E MERECER A RECOMPENSA." (AGOSTINHO. A Liberdade e a Graça. Cap. II, par. 4 e 5)
E ainda:
"SE O HOMEM CARECESSE DE LIVRE ARBÍTRIO DA VONTADE, COMO PODERIA EXISTIR O BEM DA JUSTIÇA CONDENANDO OS PECADORES E PREMIANDO AS BOAS AÇÕES? [...] O CASTIGO, ASSIM COMO A RECOMPENSA, SERIA INJUSTO SE O HOMEM NÃO FOSSE DOTADO DE VONTADE LIVRE." (AGOSTINHO. Livro 2. Cap. I, p. 39)
A prova mais simples da nossa autonomia é a vida pessoal: a escolha de um cônjuge para o casamento foi um ato de vontade livre e consciente, e não uma imposição ou coação divina. A liberdade, portanto, é a dignidade inerente que nos torna autores de nossos próprios atos.