O mal menor é definido pela rejeição voluntária de um mal maior. Trata-se, portanto, de um bem incompleto e imperfeito, pois é privado da plena bondade, que reside unicamente no Amor Benfeitor. Um bem imperfeito é aquele que falha em atingir seu fim ideal, sendo bom em um aspecto, mas deficiente em outro. Ele não alcança a plena realização da fraternidade, que está no bem-querer e no bem-fazer. A moralidade de um ato, assim, depende de sua finalidade e de suas circunstâncias.
Conforme ensina Santo Tomás de Aquino:
“Certos atos exteriores podem ser considerados bons ou maus, em duplo sentido. Genericamente, e levadas em conta as circunstâncias, diremos que dar esmola é um bem. De outro modo, em ordem ao fim, dar esmola para se vangloriar reputamos um mal. A bondade ou malícia deriva das circunstâncias.” (1)
A necessidade de graduar a maldade dos atos é evidente.
Não podemos mensurar com o mesmo peso de malícia três ações ilícitas, como, por exemplo, atirar uma pedra com o objetivo de brincar grotescamente, humilhar, ou matar.
O ser humano age mal em virtude do seu amor-próprio desordenado e da busca por bens aparentes, gerados pela corrupção da razão natural. Pelo fato de haver níveis e intensidade nos atos maus — e sendo um bem, ainda que imperfeito, o mal que se contém em não ser feito — a tese da natureza humana totalmente corrompida ou depravada desde a raiz (depravação total) não se sustenta à luz da Teologia Moral. A capacidade de escolher o mal menor atesta que sempre há um vestígio de bem na vontade.
(1) Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, Q. 20, Art. 2 (Da Bondade e da Malícia).