R: Não, pois a nossa razão natural, desde a queda pelo pecado, opera sob um forte instinto de autoproteção e autocentramento. Ela sempre aponta para si, vislumbrando soluções adequadas somente aos nossos próprios interesses, conveniência e bem-estar. Assim, em nosso estado natural atual, seria antinatural e ilógico para a razão:
O Amor-Benfeitor, ou Caridade (Ágape), é um dom da alma que excede tudo o que é puramente racional ou afetivo. Ele desafia o valor excessivo que damos a nós mesmos (o amor-próprio desordenado), que nos leva a desprezar a penúria e a necessidade da vida alheia. Pela razão e pelo afeto natural, nossa conclusão é a de que devemos eliminar ou subjugar tudo aquilo que nos prejudica. A verdadeira bondade, que nos move a fazer o bem ao inimigo, não pode brotar da simples consciência moral ou da educação do intelecto.O ato de amar o inimigo é, portanto, extremamente necessário para a salvação mútua: a dele e a nossa. Através do perdão e da caridade, preparamos nossas almas para o reencontro com Deus. Esse amor aos que nos são contrários não é natural, mas sim sobrenatural, e é a marca do Espírito Santo em nós:
"AMAMOS UNS AOS OUTROS, POIS O AMOR PROCEDE DE DEUS. AQUELE QUE AMA É NASCIDO DE DEUS E CONHECE A DEUS. QUEM NÃO AMA, NÃO CONHECE A DEUS, PORQUE DEUS É AMOR." (S. João 4, 7 e 8)