Veneramos as Sagradas Escrituras não pelo papel ou pela tinta, mas por conterem a verdade revelada de Deus. O amor que dedicamos a esses escritos transcende o material, pois, como afirma São Nilo no século V, "não se ama esses escritos simplesmente porque são feitos com tinta e papel" (Logos Ascéticos, ano 500). Para nutrir a fé, a Palavra de Deus deve ser respeitada, valorizada e venerada, sendo anunciada em procissão e colocada em um lugar de honra, de onde o sacerdote ou ministro a proclamará, renovando diariamente as boas-novas da salvação (Catecismo, §1154). Da mesma forma, veneramos a Cruz de Cristo e todas as imagens e ornamentos sagrados, não pelo gesso ou madeira, mas pelo que representam e, principalmente, pelo que nos transmitem visualmente. Na Missa, por exemplo, a Cruz e o Evangeliário ocupam lugares de destaque no altar.
A veneração é uma atitude de profundo respeito, reverência e honra, com a qual nos relacionamos com tudo o que nos remete à memória de Deus: sejam objetos sagrados, símbolos da fé ou os sinais sacramentais do Corpo de Cristo, como o pão e o vinho. Essa reverência se estende a todas as retratações e imagens que ilustram seu Amor, Autoridade e Santidade.
Devemos venerar nossos pais, pois eles são reflexos da autoridade divina sobre nós: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Êxodo 20:12.)
Também honramos os mártires por seu testemunho e os santos por sua bondade e fidelidade a Cristo, pois, conforme o livro de Daniel (7:18), "os santos do Altíssimo receberão a realeza e a conservarão por toda a eternidade".
São João Damasceno reforça essa Tradição ao afirmar que "antes de tudo, veneramos aqueles que em Deus puderam descansar, como a Santa Mãe de Deus e todos os santos;" (Apologia Contra os que Condenam Imagens, Cap. 1, p. 6).
Venerar é devotar honra e respeito a tudo o que Deus tornou sagrado.
É uma reverência não pela matéria em si, mas porque esses elementos espelham em nós as virtudes de Sua justiça e de Seu amor.