Deus Salva ou Condena por Mero Capricho? Não!
Deus pode todas as coisas porque é soberano. Contudo, a Onipotência Divina jamais atua divorciada de Seu caráter amoroso e perfeito, do qual emana a Justiça da igualdade e do equilíbrio. Deus não trata com distinção aqueles que estão em idêntica situação:
“BALANÇAS JUSTAS, PESOS JUSTOS. EU SOU O SENHOR VOSSO DEUS.” (Levítico 19, 36)
“DOIS PESOS DIFERENTES E DUAS ESPÉCIES DE MEDIDA SÃO ABOMINAÇÃO AO SENHOR, TANTO UM COMO OUTRO." (Provérbios 20, 10)
Justiça perfeita é aquela que pesa, mede e julga a todos que se encontram nas mesmas condições, com os mesmos critérios justos, racionais e objetivos: “BALANÇA ENGANOSA É ABOMINAÇÃO PARA O SENHOR, MAS PESO JUSTO É O SEU PRAZER." (Provérbios 11, 1).Toda a humanidade está perdida e necessita do mesmo remédio: a salvação. O bom médico não faz distinção entre os contaminados, dando remédio a uns e negando-o a outros. Isso atentaria contra a Justiça e seria um ato de desamor. Em Deus, o Médico dos médicos, não há vaidade ou arrogância, nem favoritismo arbitrário ou tirania. Ele não precisa violar a equidade para provar Seu poder: “NÃO FAREI ACEPÇÃO DE NINGUÉM, NEM ADULAREI ESTE OU AQUELE." (Jó 32, 21). O ensinamento de Cristo confirma isso: “MESTRE, SABEMOS QUE FALAS E ENSINAS COM RETIDÃO E QUE, SEM FAZER ACEPÇÃO DE PESSOA ALGUMA, ENSINAS DE DEUS SEGUNDO A VERDADE.” (S. Lucas 20, 21).
A Justiça de Deus não é irracional ou fruto de capricho. Existem critérios para o perdão e a salvação, e esses critérios são acessíveis a todos, ainda que nem todos os busquem. Deus amou Jacó e odiou Esaú não por um capricho tirano, mas porque, antes mesmo de nascerem, Ele conhecia as disposições de suas almas: Jacó, em sua humildade (que o levaria a aceitar a graça); Esaú, em sua altivez arrogante (que a rejeitaria).
“PORQUE, NÃO TENDO ELES AINDA NASCIDO, NEM TENDO FEITO BEM OU MAL (PARA QUE O PROPÓSITO DE DEUS, SEGUNDO A ELEIÇÃO, FICASSE FIRME, NÃO POR CAUSA DAS SUAS OBRAS, MAS POR CAUSA DAQUELE QUE CHAMA), FOI DITO A REBECA: O MAIOR SERVIRÁ O MENOR. COMO ESTÁ ESCRITO: AMEI A JACÓ, E ODIEI A ESAÚ. QUE DIREMOS POIS? QUE HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS? DE MANEIRA ALGUMA.” (Romanos 9, 11-13)
Não há injustiça da parte de Deus, pois Sua onipotência está indissoluvelmente unida à Sua equidade perfeita.
A doutrina da Igreja rejeita categoricamente qualquer visão que atribua a Deus o ato de salvar e condenar por mera arbitrariedade. Essa rejeição se opõe à errônea noção de que Deus faz uma "justa distinção entre os homens que estão NA MESMA CONDIÇÃO de perdição" (Canôn de Dort)1. Para a fé Católica, a distinção de Deus é baseada em Seu conhecimento eterno da resposta livre de cada alma, a graça igualmente concedida a todas elas.
1 Cânon de Dort. Cap. 1. Par. 6, ano 1618 – igrejas protestantes calvinistas.