Deus, em Seu infinito Amor, jamais negaria ao ser humano – criado à Sua imagem e semelhança (Gn 1, 26-28) – a possibilidade da felicidade e da vida eterna. A Escritura é clara: a perdição não vem de Deus, mas da vontade humana: “A TUA PERDIÇÃO, Ó ISRAEL, VEM DE TI.” (Oseias 13, 9). O Criador não despreza ninguém que permitiu nascer, pois Ele imprimiu em nosso espírito a vocação para a eternidade. Deus "QUER QUE TODOS OS HOMENS SEJAM SALVOS" (1 Timóteo 2, 4)1. Se Deus vocacionasse uns para buscar a salvação e outros não, estaria negando Seu próprio Amor, privando esses de um Bem que só Ele pode dar. Assim, Ele seria o autor do mal e o principal responsável pela desgraça do que se perdeu, pois negar-se a praticar o Bem é praticar o mal por omissão. Sem a vocação universal para a fé, o amor e as virtudes espirituais, ninguém poderia conhecer, desejar e interagir com Deus para se salvar.
O Amor de Deus não tem limites, não sendo contido no tempo ou no espaço:
“DEUS NÃO É O AUTOR DA MORTE, A PERDIÇÃO DOS VIVOS NÃO LHE DÁ ALEGRIA ALGUMA.” (Sabedoria 1, 13)
Para que ninguém se perca, Deus atua providencialmente, mas nos instituiu o critério de permanência na graça por meio do bem-querer e do bem-fazer, conforme Sua Justiça e Seu perdão: “PERMANECEI EM MIM, QUE EU PERMANECEREI EM VÓS. (S. João 15, 4).
A falha no plano da salvação, portanto, está na rejeição humana à Graça oferecida, e não na omissão ou ação maléfica de Deus.
A Igreja Católica, no Concílio de Trento, rejeitou categoricamente a ideia de que Deus seria o autor do mal:
"Cân. 6. Se alguém disser que não está no poder do homem tornar os seus caminhos maus, mas que Deus faz tanto as obras más como as boas... de sorte que não é menos obra sua a própria traição de Judas do que a vocação de Paulo — seja separado da nossa fé.” (Concílio de Trento)2
Isso contrasta diretamente com certas visões que afirmam que Deus "deixa os não-eleitos em sua própria maldade e dureza" (Cânon de Dort)3, reforçando a Doutrina Católica, de que a responsabilidade pelo pecado e pela perdição é integralmente do ser humano que rejeita a Graça Universal.
1 I Timóteo 2, 4.
2 Concílio Católico de Trento. Cân. 6.
3 Cânon de Dort. Cap. 1. Par. 6, ano 1618 – igrejas protestantes calvinistas.