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Sem os Bens Divinos Não Podemos Perseverar.

A escolha pela constante vivência no que é bom, certo e justo, implica uma luta e um esforço que são incomuns e insustentáveis apenas pelas nossas forças. A história e a experiência demonstram a fragilidade da nossa natureza, corrompida por limitações e falhas. Em nosso estado de imperfeição, é mais fácil sucumbir ao apelo das coisas más do que praticar obras de reta consciência. É mais difícil ao torto endireitar-se do que ao reto se entortar. Lutar sozinho seria uma luta inglória, por isso precisamos da Graça para a perseverança:

"O HOMEM, POR NATUREZA, PODE CAIR EM PECADO; MAS NÃO PODE POR SI MESMO PURIFICAR–SE DELE, SEM O AUXÍLIO DA GRAÇA. (...) PELO FATO DE FAZER O BEM, NÃO SE TORNA PERSEVERANTE NO BEM, PORQUE, POR SI MESMO, PODE PECAR. POR ISSO É QUE, PARA TAL, PRECISA DO AUXÍLIO DA GRAÇA." (SANTO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Q 137. art. 4º Livro IIa IIae Parte)

O próprio Cristo afirma a inabilidade humana sem Ele:

"Permaneçam em Mim, e Eu permanecerei em vocês. Assim como nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em Mim. Eu sou a videira, e vocês, os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, dará muito fruto, pois sem mim, nada podem fazer." (S. João 15, 5)

Os Bens Necessários para a Vida com Deus

Esses Bens Divinos, ou auxílios espirituais, são essenciais para a perseverança. Eles podem ser classificados em:

  • Bens de Sustentação: A oração; a tolerância; a humildade; o temor e o respeito a Deus; a ciência e meditação nas letras sagradas.
  • Bens Sacramentais: O Batismo, a Eucaristia e todos os demais sacramentos recebidos da Igreja.
  • Bens de Restituição: O arrependimento e a confissão habitual dos pecados.
  • Expressões Maiores do Amor: O perdão, o amor fraternal e a caridade ao próximo, pois estes são a maior expressão dos dons, e entre a fé, a esperança e o amor, prevalece o amor (1 Coríntios 13, 13), já que Deus é o Amor Personificado (1 S. João 4, 8).

2. Cabe ao Indivíduo Dispor em Receber Livremente Esses Bens?

R: Sim. Nenhum bem é verdadeiramente um 'bem' para nós se não desejarmos participar dele. A Graça de Deus não age por coação; ela deve ser recebida com o coração e a mente livres, abertos e disponíveis. O indivíduo deve escolher e dispor-se a seguir o caminho da verdade:

“ESCOLHI O CAMINHO DA VERDADE; PROPUS-ME SEGUIR OS TEUS JUÍZOS.” (Salmo 119, 30)

Santo Agostinho explica que o desejo de receber a Graça é parte essencial do processo. Se há dificuldade em cumprir os mandamentos, isso é um sinal de que a vontade ainda não está plenamente disposta, e deve-se rezar po r essa disposição:

“(…) AQUELE QUE QUISER O BEM, MAS NÃO PUDER, RECONHECEÇA QUE AINDA NÃO QUER PLENAMENTE, E ASSIM, REZE PARA TER A VONTADE SUFICIENTE PARA CUMPRIR OS MANDAMENTOS.” (AGOSTINHO. SANTO, cap. XV. p. 35 – A Graça e a Liberdade)


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