Deus é o Ser Necessário que fundamenta e elucida a nossa existência, a nossa importância e o nosso significado. Sua realidade não é uma mera especulação, mas sim a explicação lógica inegável para tudo que é. Ele é Aquele que sempre foi e jamais poderá deixar de Ser.
A resposta sobre a existência de Deus, enquanto Causa Primária de todas as coisas pode ser encontrada na existência da própria criação. A vastidão do que existe testemunha a Bondade Divina. Compartilhar o dom de existir com algo que é, por natureza, inferior e finito, e não faria a menor falta caso não viesse a existir, é a suprema prova da bondade, pois a bondade essencial reside na partilha do todo Bem. Contudo, a existência ou o ‘ser algo’ não reside intrinsecamente nos seres criados, mas decorre da participação na Existência Divina. Essa existência compartilhada é, contudo, contingente e limitada.
A criatura é classificada como contingente porque ela poderia não existir, ou existir em outra forma, noutro tempo e noutro lugar. Sua existência não é inerente à sua essência. Ela é limitada porque a criatura não domina sua própria existência não podendo surgir ou permanecer quando e onde quisesse. Em resumo, a criatura não possui o poder de existir ou de permanecer existindo por sua própria vontade. Sua finitude temporal e dependência de elementos externos para continuar vivo (ar, alimento, água etc.) demonstra que as criaturas não são fontes, mas apenas um recipiente da vida, vinda de algo que transcende a própria vida. Deus é, portanto, necessário, porque a ocorrência da vida é inexplicável dentro dos limites da matéria. A vida está manifesta na matéria, mas não é essencialmente a matéria, nem pode ser criada apenas pela matéria. Um feto, ao nascer, seria apenas um cadáver se não portasse a vida, e nem o domínio da geratriz, nem os processos de parto, concepção ou geração conseguem garantir-lhe a vida de modo absoluto.
O ateísmo, por ser frequentemente atrelado ao materialismo, revela-se cientificamente mais problemático que o próprio teísmo. O mundo material circunda e depende de uma relação estrita de causa e efeito, onde todo efeito é sempre precedido por uma causa anterior e se tornará a causa de um efeito futuro, e assim, sucessivamente. Para evitar uma regressão infinita de causas, que tornaria o universo material infinito e eterno (o que é contrário à própria natureza da matéria, que é limitada no tempo e no espaço), é necessário postular e reconhecer uma Causa Primeira Não Causada, como defendeu o Filósofo grego Aristóteles1. Esta Causa, que não tem limite no tempo, no espaço ou na matéria, é cientificamente inexplicável em termos puramente materiais. Essa Inteligência Superior que cria, não só dá as coisas a sua existência, mas as conhece absolutamente, porquanto, só conhecendo-as perfeitamente, é capaz de organizá-las e regê-las de forma impecável. A ordem do universo, portanto, exige uma Mente que não apenas o tenha iniciado, mas que ainda o sustente e governe. Essa Causa pode ser dado vários Nomes: Força, Transcendência, Infinito, Universo ou simplesmente, DEUS.
1 Metafísica. Cap. XII, 6, P.1071 parágrafos 12 /22.