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  • A Vontade Corrompida e a Busca Desordenada do Bem: Uma Análise Teológica da Origem do Mal Moral. 

 A vontade humana é sempre livre e irredutível, pois é nela que nascem o amor e a felicidade. Não se pode amar ou ser feliz sem a participação voluntária: a escolha é condição. A Escritura confirma essa premissa fundamental: 

"EU CHAMO O CÉU E A TERRA COMO TESTEMUNHAS QUE NESTE DIA EU COLOQUEI DIANTE DE TI A VIDA E A MORTE, A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO: ESCOLHE A VIDA, PARA QUE TU E TUA SEMENTE VIVAM.” (Deuteronômio 30. 19)

 Embora a vontade seja livre, ela nem sempre é boa e, portanto, oscila entre o Bem e o mal. Em regra, escolhemos a felicidade, que é um Bem, contudo, os meios para alcançá-la nem sempre são justos ou lícitos. Muitos depositam a felicidade em valores corrompidos, como o amor ao dinheiro, que gera ganância, ou no prazer corporal desmedido, que é a origem dos vícios. A autonomia da decisão humana é inegável: 

DEUS CRIOU O HOMEM E O DEIXOU NA MÃO DO SEU CONSELHO”. (Eclesiástico 15. 14) 
ESCOLHI O CAMINHO DA VERDADE; PROPUS-ME SEGUIR OS TEUS JUÍZOS.” (Salmo 119. 30)

 Apesar de ser legítima, boa e necessária a busca pela felicidade, frequentemente, aquilo que tomamos por felicidade é o que, de fato, nos retira a paz e a justiça. A liberdade de escolha é um Bem em si (no antecedente), mas torna-se um mal no resultado (no final) se a opção feita destrói a própria felicidade buscada. Não se ignora que possa haver prazer e alegria em ações moralmente ruins. Mesmo que a pessoa não deseje o mal em si, a vontade acaba desenvolvendo um "apetite" pela satisfação ilusória que acompanha o ato pecaminoso, buscando-o conscientemente, mesmo sob o risco de suportar um mal indesejado. A corrupção da liberdade, resultado do Pecado Original, não gerou sua perda, mas sim uma liberdade desenfreada: sem limites na justiça, no equilíbrio, no amor ao próximo ou no compromisso com o Bem. O mal, na perspectiva teológica, surge quando o bem é buscado de forma desordenada: 

"NISSO CONSISTE A CORRUPÇÃO DA LIBERDADE QUE ATUA CONTRA A RAZÃO; — (...) ESCOLHENDO O BEM EM SI, MAS SEM MEDIDA, ORDEM E REGRA.” (AQUINO. Santo Tomás. Suma Teológica. Q 63, art. 1, Da Malícia dos Anjos Quanto a Culpa)


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