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Fé + Caridade – O Fundamento Prático do Amor Cristão


O que realmente nos define não são apenas as palavras que proferimos, mas as ações que apresentamos. A fé cristã não é uma ideia abstrata, mas uma força viva que se manifesta por meio de obras concretas.1 Para Deus e para o mundo, somos o que fazemos, e nosso caráter é revelado naquilo que escolhemos amar e praticar. “O menino manifesta logo por seus atos se seu proceder será puro e reto.” (Provérbios 20,11) A fé autêntica em Cristo precisa produzir efeitos visíveis. Uma fé sem caridade, que não se inclina a fraternidade entre os povos e na defesa da dignidade humana é um conceito vazio, oco, incapaz de nos preparar para a vida eterna. O Santo Apóstolo Tiago é enfático: “(…) a fé, se não for acompanhada de obras, é morta em si mesma.” Ela se torna operante e ganha vida através da justiça social, da compaixão e da benevolência para com o próximo. 

Não basta acreditar em Deus. 

É preciso agir conforme Sua vontade, que nos orienta ao Amor prático, realizável, sem preconceito e comunitariamente partilhável.2 

O amor fraterno é a prova visível e palpável de uma fé genuína. 

Encontrar justificativas para não amar ou fugir da prática do amor fraterno, o desprezo pela generosidade humana causado um desgosto profundo em realizar o Bem é um desvio da fé chamado acídia.3 

Santo Tomás de Aquino a descreveu como uma tristeza que causa tal depressão no espírito que a pessoa perde a vontade de agir em prol do amor:

A acídia é a tristeza acabrunhante que produz no espírito do homem tal depressão que este não tem vontade de fazer mais nada; as coisas que são ácidas, também são frias. Por isso, a acídia implica um certo desgosto pela ação boa.4"

Ora, negar-se deliberadamente a prática do Bem acreditando que somente a fé intelectual seja suficiente é uma violação à vontade Divina tão grave quanto praticar o mal. Tal omissão que contraria a própria natureza humana, criada por Deus para o amor:

 "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." (1 João 4,8)

A inatividade deliberada para o bem nos afasta de Deus, que é puro Amor, e nos torna ingratos pelo Bem que Ele nos concedeu. Como nos lembra o Santo Apóstolo Tiago: 

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4,17)

Encontramos felicidade e prazer ao realizar coisas boas e ao praticar o bem para o próximo, mas para isso, é preciso agir.


1 “Quem é justo, FAÇA justiça ainda; e quem é santo, SANTIFIQUE-SE ainda.” (Apocalipse 22, 11) 

2 “O coração perverso ficará acabrunhado de tristeza, e o pecador ajuntará pecado sobre pecado. (Eclesiástico 3, 29)” “[…] pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor, e o desgosto do coração faz inclinar a cabeça. (Eclesiástico 38, 19) “Não tenhas PREGUIÇA DE VISITAR UM DOENTE, pois é assim que te firmarás na CARIDADE. (Eclesiástico 7, 39)”

3  “Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos, Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão, e não me visitastes. Também estes lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te socorremos? E ele responderá: Em verdade eu vos declaro: Todas as vezes que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, FOI A MIM QUE O DEIXASTES DE FAZER.” (São Mateus 25,41-45)” 

4  Aquino, Suma Teológica. Art. 4. O Prazer e a Medida do Bem e do mal. P. 482. Edição 2004.


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