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1. O NASCIMENTO DE CRISTO PRECISAVA SER ANUNCIADO POR UM ANJO?


R: Sim, e essa necessidade reside em uma profunda teologia da reparação e da restauração. 

A redenção trazida por Cristo não se destinava apenas à humanidade, mas também, de certa forma, à dignidade angélica. Lembremo-nos do cenário da queda: um anjo corrompido, na forma de serpente, encontrou-se com Eva, em sua inocência original no Paraíso. Esse encontro nefasto anunciou a perdição e o pecado para toda a sua descendência. 

Em contraste, o plano divino de salvação orquestrou um novo encontro: o Anjo Gabriel, resplandecendo a glória de Deus, apresentou-se a Maria, uma Virgem imaculada, sem mancha de pecado. 

Essa anunciação angelical prenunciou a salvação que viria ao mundo por meio de seu ventre virginal. 

Para restaurar a honra angélica, manchada pela traição e desobediência do anjo caído, outro anjo, agora fiel e mensageiro da graça, foi enviado.

 Ele não apenas entregou a boa-nova a Maria, mas também obteve dela o "Sim" livre e obediente, que viria a reverter a desobediência de Eva. 

Ambas, Eva e Maria, exerceram sua liberdade diante dos anúncios angélicos, aceitando as realidades propostas: transgressão e redenção, respectivamente. 

Eva se tornou a mãe da humanidade pecadora; Maria, por sua vez, tornou-se a Mãe da Salvação, ao trazer ao mundo o Cordeiro de Deus, no qual não havia mácula. 

Assim, Maria foi verdadeiramente bendita entre as mulheres, proclamando em seu Magnificat: "Minha alma glorifica ao Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua humilde serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque o Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome." (Lucas 1,46-49)


EM MARIA, DEUS RESTAURA A DIGNIDADE DE EVA?


R: Sim, de forma magnífica! 

A concepção de Cristo no ventre de Maria representa um ato divino de restauração da dignidade do gênero feminino, tanto aos olhos dos anjos quanto dos homens.

Por meio de Eva, que em sua inocência original foi enganada e vencida pela astúcia da serpente, a humanidade caiu. 

Em resposta a essa transgressão, Deus impôs à serpente a maior humilhação, elevando a humilde Maria, em sua perfeita pureza virginal, a uma dignidade singular e inigualável na natureza humana, superior até mesmo à dos anjos.

Maria, a Virgem Imaculada, criada por Deus para ser a Nova Eva, é a perfeita restauração da figura da primeira mulher. Eva, a virgem do Paraíso, criada sem pecado, deixou-se corromper; Maria, por sua vez, permaneceu íntegra e fiel. 

Como brilhantemente expressou Santo Irineu, um dos primeiros Padres da Igreja:

"Como por uma virgem caiu o gênero humano, por outra foi gerada a salvação em seu ventre. Como Eva foi seduzida pela fala de um anjo e se afastou de Deus, transgredindo a sua palavra, Maria recebeu a boa-nova da boca de um anjo e trouxe Deus em seu ventre, obedecendo à sua palavra. Uma, deixou-se seduzir de modo a desobedecer. A outra, obedeceu a Deus, para que da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse defensora. Assim também, o pecado do primeiro homem foi curado pela correção de conduta do primogênito desta, e a astúcia da serpente, vencida pela simplicidade da pomba. Por isso, foram rompidos os vínculos que nos sujeitavam à morte." (IRINEU, Santo. Contra as Heresias. Livro V, 19,1, p. 569, anos 130-220)

Nessa sublime reversão, Maria, a Mãe da nova humanidade, onde a graça supera o pecado e a obediência, restaura o que a desobediência de Eva havia destruído.

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