Desde o início da criação, Deus revelou seu plano de comunhão, afirmando que “não é bom que o homem esteja só.” (Gênesis 2, 18) Por isso Ele nos fez para amar e sermos amados, para viver em mútua ajuda e cuidado, mesmo com nossas limitações. O amor que se expressa nos cuidados e no bem que realizamos uns pelos outros é ainda mais pleno naqueles que já habitam com Deus na eternidade, os santos. O amor com que os santos se nutrem em Cristo não está limitado por tempo ou espaço, nem pela ausência de um corpo biológico. Afinal, Deus é Amor, e como Amor, Ele é imutável. Se o mandamento do amor ao próximo é eterno, a sua prática também o será.
Como afirmou Orígenes no ano 250 d.C.
“As virtudes nesta vida são definitivamente aperfeiçoadas no Além. A mais valiosa de todas é o amor; este, portanto, na outra vida, é ainda mais ardente do que na vida presente. Por conseguinte, os santos exercem seu amor sobre os irmãos na terra, mediante a intercessão por Deus (Filho), em favor das necessidades destes peregrinos;”.
Segundo a teologia de Tomás de Aquino, o que é absolutamente imutável não tem princípio nem fim, e a união definitiva com Deus acrescenta ao ser a eternidade do amor:
"Consideram-se medidas pelo tempo as coisas que nele têm princípio e fim. Logo, o que é absolutamente imutável não tem princípio, nem fim. — Assim, se conhece a eternidade. Quando amamos a outrem, lhe queremos bem. Por isso, tratamo-lo como a nós mesmos, pelo que, dizemos que o amor é uma força concreta que nos une, porque por ele, atraímos outrem a nós, tratando-o como a nós próprios. O amor é a força de Deus que nos une e nos leva a realizar o bem para todos." (AQUINO. Santo Tomás. Suma Teológica, Q10, art. 1 Livro Ia Parte.)
A Comunhão dos Santos é uma realidade eterna, pois a Igreja que está no céu em perfeita união com a Justiça e o Amor, também intercede por nós, realizando o Amor prática, Amor esse que habita na alma, e, portanto, não cessa com a finitude do corpo.1
1 Porque Eu, o Senhor, não mudo. (Malaquias 3, 6) - "Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor.' (1 S. João 4, 8)