Cristo, sendo o próprio Deus que se fez homem, assumiu a natureza humana no ventre de uma mulher para testemunhar sua real humanidade e seu parentesco com o rei Davi. O material biológico de Cristo, portanto, provém da descendência de Adão. O Santo Apóstolo Paulo confirma essa verdade: “Jesus, nosso Senhor, descende de Davi quanto à carne” (Romanos 1, 3).
A palavra grega para "carne" (σάρξ, sarx) refere-se aqui ao parentesco familiar. Ele reforça a mesma ideia em outra carta, dizendo: “Lembra-te de Jesus Cristo, saído da estirpe de Davi” (2 Timóteo 2, 8).
A palavra "estirpe" (σπέρμα, sperma) significa "mesmo sangue" ou "mesma semente familiar".
Deus, no Filho, fez-se semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Romanos 8, 3). Assim, a Bíblia afirma que o Salvador veio da linhagem dos patriarcas, confirmando que “deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre” (Romanos 9, 5).
A lógica da salvação exigiu que o remédio fosse aplicado diretamente no "corpo doente": “veio o socorro, não dos anjos, e sim da raça de Abraão” (Hebreus 2, 16).
Se o pecado veio da humanidade de Adão, a salvação também deveria vir dela. Dessa forma, a justiça se tornaria perfeita: a dívida seria paga por quem, por meio de sua descendência, a contraiu. Essa é a razão pela qual a natureza humana assumida por Deus não poderia ser outra. Por isso, Cristo é listado na ancestralidade de Adão: “Jesus era tido por filho de José (...) filho de Adão, filho de Deus” (S. Lucas 1, 23-38).
A Tradição Eclesiástica também reforça essa verdade.
A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino explica que a natureza humana de Cristo não poderia ser um Corpo Celeste, por três motivos:
A Palavra de Deus nos ensina que o Filho de Deus não trouxe a sua carne do céu, mas a recebeu no corpo de uma virgem (Suma Teológica, III, Q. 5, Art. 1).
O Salmo 131, 11 já profetizava: “O Senhor jurou com verdade a Davi: Do fruto do teu ventre colocarei sobre teu trono.”