Ninguém Nasce Escravo do Pecado."
A atração pelo mal e a tentação provam que a vontade não está totalmente dominada pelo pecado. Para que o mal se realize, a vontade precisa ser vencida, convencida e seduzida para só então, conduzir-se voluntariamente à transgressão. Todo mal nasce da liberdade sem freios ou eixos, que desgoverna nossa vontade em uma busca ilimitada por prazer e lucro. Essa desordem nos torna ESCRAVOS VOLUNTÁRIOS DE NÓS MESMOS, reféns de maus hábitos e imperfeições. Oferecemo-nos espontaneamente à maldade na procura de uma felicidade passageira e destrutiva:
"NÃO SABEIS QUE QUANDO VOS OFERECEIS A ALGUÉM PARA LHE OBEDECER, SOIS ESCRAVOS DAQUELE A QUEM OBEDECEIS, QUER SEJA DO PECADO PARA A MORTE, QUER SEJA DA OBEDIÊNCIA PARA JUSTIÇA?” (Romanos 6, 16)
A escravidão ao mal, portanto, é um produto da vontade livre. Se através da liberdade nos autodeterminamos à escravidão, também pela liberdade nos autodeterminamos ao Amor e à Justiça. Nesses valores, a liberdade é regrada e encontra o equilíbrio necessário para não ofender a Deus e ao próximo.O pecado nasce da liberdade incontida, o que prova, por óbvio teológico, que a liberdade existe. A vontade livre é a única causa que nos liga ao mal e permite que ele nos domine.A escravidão a Deus é estar livre do pecado; e a escravidão ao pecado é rejeitar Deus. A liberdade sempre existirá em um ou outro sentido. Damos causa aos vícios que nos mantêm sob o domínio do mal:
"QUANDO ÉREIS ESCRAVOS DO PECADO, ÉREIS LIVRES A RESPEITO DA JUSTIÇA." (Romanos 6, 20)
O poder da alma racional é superior a qualquer instinto ou paixão, sendo a nossa vontade a única responsável por nosso destino moral. É a verdade ensinada por Santo Agostinho, Doutor da Igreja:
"QUALQUER ESPÍRITO RACIONAL HÁ DE SER MAIS NOBRE E PODEROSO QUE QUALQUER INSTINTO. UM CORPO PODE VENCER A ALMA DOTADA DE VIRTUDES? EVIDENTE QUE NÃO. PORTANTO, NÃO HÁ NENHUMA OUTRA REALIDADE QUE TORNE A MENTE CÚMPLICE DA PAIXÃO, A NÃO SER A PRÓPRIA VONTADE E O LIVRE ARBÍTRIO.” (AGOSTINHO. O Livre Arbítrio e a Origem do Mal, Cap. 11 par. 21c)