O amor, antes de ser um mandamento, é um dom divino disponível a todos que se abrem para recebê-lo. É a própria essência de Deus, que nos convida a uma união profunda.
O ato de amar requer do ser humano a sua totalidade: brota do espírito, é discernido pelo intelecto, sentido no coração, aquiescido na vontade e concretizado em ações de bondade perfeita.
Não há outra maneira de crer de verdade senão aderindo ao Deus que é Amor, e assim, verdadeiramente conhecendo e participando desse Amor.
A fé, para ser autêntica, não pode ser uma mera abstração teórica.
Ninguém ama o próximo por mera ideia ou apenas com palavras de uma devoção religiosa vazia de atitudes.
Pelo contrário, a solidariedade fraterna, que consegue enxergar a imagem de Deus em cada rosto, é a prova visível e palpável da fé. Ela se manifesta na realização do bem comum por amor a Deus, impulsionando-nos a amar o próximo porque Deus nos amou primeiro. Essa prática do amor constrói pontes e derruba muros, cultivando a fraternidade universal entre os povos e os seres humanos.
Por isso, a fé não colide com o amor; pelo contrário, ela se realiza nele:"
"Certa é esta doutrina, e quero que a ensines com constância e firmeza, para que os que abraçaram a fé em Deus se esforcem por se aperfeiçoar a si mesmos na prática do bem. Isto é bom e útil aos homens." (Tito 3,8).
A Palavra de Deus nos exorta a "(…) fazer obras de fé em tudo o que [se] realiza para os seus irmãos" (3 João 1,5).
Em suma, a fé não é um fim em si mesma, mas o início de um caminho de amor que se traduz em atos concretos.
É na ação de amar, inspirada e impulsionada pela fé, que a humanidade se aproxima de sua vocação mais sublime: ser reflexo do amor de Deus no mundo, vivendo em verdadeira fraternidade. E o amor, antes de ser um sentimento, é uma virtude.
NOTAS EXPLICATIVAS