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A fé, em sua verdadeira essência, transcende a mera crença teórica; ela ilumina todo o nosso ser, desde a nossa mentalidade até as nossas atitudes. São, de fato, nossos atos, condutas e posturas que confirmam ou, lamentavelmente, negam a fé que professamos. 

A Escritura é categórica: 

"Quem não cuida dos seus, e principalmente dos de sua própria casa, negou a fé, e é pior que um incrédulo." (1 Timóteo 5,8).

Não basta ouvir a Palavra ou professá-la com os lábios; é imperativo praticar o que se ouve e fala.

O apóstolo São Tiago nos adverte de forma contundente:

"Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e depois de olhar para si mesmo, sai, e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu, mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer." (São Tiago 1,22-25)

Ele vai além, desmascarando a superficialidade de uma religiosidade sem frutos: 

"Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor algum! A religião que Deus nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: Cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não deixar se corromper pelo mundo." (São Tiago 1,26-27). 

Aqui, a fé é definida não por rituais vazios, mas pela caridade concreta e pela pureza de vida.

A fé, portanto, age intrinsecamente pelo amor prático, confiando a Deus os atos de bondade que nela são produzidos, na esperança da salvação.

É um trabalho constante no amor, por meio do qual Deus se vê e se reconhece em nós, em cada irmão e irmã. 

Sem essa dimensão do amor, a fé perde seu sentido e sua força. 

São Paulo, na sua exaltação do amor, nos lembra: "(...) mesmo que tivesse toda a fé a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor eu nada seria." (1 Coríntios 13,2). 

Uma fé isolada e sem caridade é, por definição, estéril.

Nunca será verdadeira uma fé que caminha sozinha, desprovida de solidariedade e da busca pela fraternidade universal entre os povos e os seres humanos. 

É um chamado à ação, à união de virtudes, como nos exorta São Pedro: 

"Por isso, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno e ao amor fraterno a caridade." (2 São Pedro 1,5-7).

 A caridade, no amor desinteressado ao próximo, é o coroamento de todas as virtudes e a manifestação mais plena de uma fé viva.

Em síntese, a fé que Deus valoriza é aquela que se traduz em atos de solidariedade, caridade e fraternidade universal

A fé nos impele a cuidar do outro, especialmente dos mais vulneráveis, reconhecendo neles a imagem do próprio Cristo.

Uma devoção religiosa particular, que não se expressa na comunhão do amor prático é, aos olhos divinos, inútil, pois a essência de Deus é o Amor, e é nele que somos chamados a viver e a nos manifestar.


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